O nosso mercado segurador esteve sempre dominado pelos ramos obrigatórios, acidentes de trabalho e automóvel. Mas hoje há uma crescente aposta em produtos diversificados, por exemplo, de saúde, acidentes pessoais, vida risco, responsabilidade civil, cibernéticos, entre outros.
Uma das principais mutações desta década foi a saída da banca do capital das seguradoras. Como refere José António Sousa, presidente e CEO da Liberty Seguros, “antes da crise financeira/ crise da dívida soberana/ troika, o setor segurador português era dominado amplamente por seguradoras pertencentes a grupos financeiros portugueses.
Hoje em dia, com raras e honrosas exceções, ou mesmo exceção única (creio que já só fica a CA Seguros como seguradora pertencente a uma instituição bancária)”. Acrescenta que “a esmagadora fatia de quota de mercado está nas mãos de seguradoras não pertencentes a instituições bancárias, e praticamente já não há capital português no mercado segurador”.
Mas para este gestor, que levou a Liberty Seguros ao top 10 das maiores seguradoras, a responsabilidade principal desta mudança “deve-se a erros graves de gestão”, pois como algumas seguradoras do mercado demonstraram foi possível passar o “cabo das tormentas ” do período difícil da crise financeira mantendo um nível de rentabilidade aceitável”.
A imposição de uma maior exigência ao nível dos indicadores de solidez financeira e solvabilidade nos sectores financeiros, nomeadamente no segurador, intensificou as necessidades de capital, que é escasso em Portugal. Levou a que os principais grupos seguradores passassem para controlo de empresas estrangeiras. Mas como refere Santi Cianci, CEO da Generali, não é só em Portugal, há “movimentos de consolidação na generalidade dos mercados”.
Automóvel em desequilíbrio
Nos acidentes de trabalho, “a produção global continuou a crescer, acima de dois dígitos, refletindo a recuperação do emprego, mas também as ações corretivas tomadas pelas empresas de seguros nas suas políticas de subscrição e de tarifação”, assinala José António de Sousa. Para Santi Cianci, “o trabalho desenvolvido ao nível da regulação conduziu a uma redução desse desequilíbrio, aproximando os prémios aos riscos”. Acrescenta que “a recuperação económica e do mercado de trabalho, com a criação de emprego, veio potenciar esta recuperação, fazendo com que o ramo esteja hoje mais estabilizado, embora ainda necessite de melhorias”.
O nosso mercado segurador esteve sempre dominado pelos ramos obrigatórios, acidentes de trabalho e automóvel.
JOSÉ ANTÓNIO DE SOUSA – PRESIDENTE E CEO DA LIBERTY SEGUROS
Por sua vez, registou-se um agravamento do equilíbrio técnico no ramo automóvel. Para José António Sousa, os motivos são idênticos aos que tinham levado os Acidentes de Trabalho à degradação de resultados em anos passados, e que é, sobretudo, “a concorrência predatória nos preços praticados no mercado”.
Segundo o CEO da Liberty Seguros, deve-se “em grande medida à maciça publicidade agressiva das seguradoras diretas, focada integramente no preço. O seguro automóvel aos olhos dos consumidores tornou-se um commodity, em relação à qual o fundamental é conseguir um preço mais barato. Há consumidores que fazem shopping de “saldos” todos os anos, por vezes várias vezes ao ano”.
Nuno Luís Sapateiro concorda que a “grande pressão concorrencial no sector automóvel, com campanhas agressivas e tarifas desadequadas, conduz a uma concorrência desleal entre os diferentes players do mercado.
A única forma de fazer face a esta situação passa pela manutenção de uma supervisão apertada por parte da ASF no sentido de garantir a existência de princípios de tarifação que possam assegurar um equilíbrio técnico nos ramos mais susceptíveis à deterioração do equilibro técnico”.
Os novos seguros
O lado solar está nos “movimentos positivos de correções de preços no mercado, feitas pelos operadores mais responsáveis. Haverá uma natural tendência à correção do seguro automóvel, semelhante à que se tem verificado nos acidentes de trabalho, porque os acionistas das principais seguradoras do mercado hoje “entendem da poda”, e, não estão disponíveis para perder dinheiro anos a fio, como foi o que vimos acontecer no mercado segurador português de 2010 para cá”, sentenciou José António de Sousa.
“O nosso mercado segurador esteve sempre dominado pelos ramos obrigatórios, acidentes de trabalho e automóvel”, nota José António de Sousa. Mas hoje está em forte evolução e desenvolvimento, com “uma crescente aposta em produtos diversificados por exemplo de saúde, acidentes pessoais, vida risco, responsabilidade civil, que naturalmente irão ganhando uma maior preponderância no nosso mercado segurador a medida que ele amadurece e evolui”. Santi Cianci chama a atenção para os seguros cibernéticos, “que são hoje fundamentais para as empresas”.
“O ramo Vida tem sido penalizado pelas condições de mercado. As baixas taxas de juro têm levado os portugueses a procurar soluções alternativas de investimento, o que tem condicionado as soluções de investimento proporcionadas pelas seguradoras”, assinalou Santi Cianci.
O CEO da Generali está preocupado com os níveis de poupança e com o facto de a baixa rentabilidade dos produtos, poder “estar a empurrar muitas pessoas para investimentos com maiores níveis de risco, muitas vezes desadequados ao seu perfil”. Entende que “serão, entretanto, necessários esforços coordenados entre Estado, regulador e sector segurador para criar um enquadramento fiscal que incentive de forma cabal a poupança para a reforma”.
Por sua vez, Nuno Luís Sapateiro considera que “o mercado Vida e Não Vida apresentam alguma estabilidade, verificando-se um crescimento em determinados ramos como nos acidentes de trabalho e nos seguros de vida ligados quando comparado com o período homólogo.
De qualquer forma, considero que um dos principais impulsionadores do crescimento dos ramos vida e não vida poderá passar pelo lançamento de produtos mais personalizados e que venham dar resposta às principais preocupações dos consumidores e aos novos riscos que se têm vindo a apresentar ao mercado”.
Fonte: Jornal de Negócios – Portugal / Via Sindseg-RS
Hoje em dia, com raras e honrosas exceções, ou mesmo exceção única (creio que já só fica a CA Seguros como seguradora pertencente a uma instituição bancária)”. Acrescenta que “a esmagadora fatia de quota de mercado está nas mãos de seguradoras não pertencentes a instituições bancárias, e praticamente já não há capital português no mercado segurador”.
Mas para este gestor, que levou a Liberty Seguros ao top 10 das maiores seguradoras, a responsabilidade principal desta mudança “deve-se a erros graves de gestão”, pois como algumas seguradoras do mercado demonstraram foi possível passar o “cabo das tormentas ” do período difícil da crise financeira mantendo um nível de rentabilidade aceitável”.
A imposição de uma maior exigência ao nível dos indicadores de solidez financeira e solvabilidade nos sectores financeiros, nomeadamente no segurador, intensificou as necessidades de capital, que é escasso em Portugal. Levou a que os principais grupos seguradores passassem para controlo de empresas estrangeiras. Mas como refere Santi Cianci, CEO da Generali, não é só em Portugal, há “movimentos de consolidação na generalidade dos mercados”.
Automóvel em desequilíbrio
Nos acidentes de trabalho, “a produção global continuou a crescer, acima de dois dígitos, refletindo a recuperação do emprego, mas também as ações corretivas tomadas pelas empresas de seguros nas suas políticas de subscrição e de tarifação”, assinala José António de Sousa. Para Santi Cianci, “o trabalho desenvolvido ao nível da regulação conduziu a uma redução desse desequilíbrio, aproximando os prémios aos riscos”. Acrescenta que “a recuperação económica e do mercado de trabalho, com a criação de emprego, veio potenciar esta recuperação, fazendo com que o ramo esteja hoje mais estabilizado, embora ainda necessite de melhorias”.
O nosso mercado segurador esteve sempre dominado pelos ramos obrigatórios, acidentes de trabalho e automóvel.
JOSÉ ANTÓNIO DE SOUSA – PRESIDENTE E CEO DA LIBERTY SEGUROS
Por sua vez, registou-se um agravamento do equilíbrio técnico no ramo automóvel. Para José António Sousa, os motivos são idênticos aos que tinham levado os Acidentes de Trabalho à degradação de resultados em anos passados, e que é, sobretudo, “a concorrência predatória nos preços praticados no mercado”.
Segundo o CEO da Liberty Seguros, deve-se “em grande medida à maciça publicidade agressiva das seguradoras diretas, focada integramente no preço. O seguro automóvel aos olhos dos consumidores tornou-se um commodity, em relação à qual o fundamental é conseguir um preço mais barato. Há consumidores que fazem shopping de “saldos” todos os anos, por vezes várias vezes ao ano”.
Nuno Luís Sapateiro concorda que a “grande pressão concorrencial no sector automóvel, com campanhas agressivas e tarifas desadequadas, conduz a uma concorrência desleal entre os diferentes players do mercado.
A única forma de fazer face a esta situação passa pela manutenção de uma supervisão apertada por parte da ASF no sentido de garantir a existência de princípios de tarifação que possam assegurar um equilíbrio técnico nos ramos mais susceptíveis à deterioração do equilibro técnico”.
Os novos seguros
O lado solar está nos “movimentos positivos de correções de preços no mercado, feitas pelos operadores mais responsáveis. Haverá uma natural tendência à correção do seguro automóvel, semelhante à que se tem verificado nos acidentes de trabalho, porque os acionistas das principais seguradoras do mercado hoje “entendem da poda”, e, não estão disponíveis para perder dinheiro anos a fio, como foi o que vimos acontecer no mercado segurador português de 2010 para cá”, sentenciou José António de Sousa.
“O nosso mercado segurador esteve sempre dominado pelos ramos obrigatórios, acidentes de trabalho e automóvel”, nota José António de Sousa. Mas hoje está em forte evolução e desenvolvimento, com “uma crescente aposta em produtos diversificados por exemplo de saúde, acidentes pessoais, vida risco, responsabilidade civil, que naturalmente irão ganhando uma maior preponderância no nosso mercado segurador a medida que ele amadurece e evolui”. Santi Cianci chama a atenção para os seguros cibernéticos, “que são hoje fundamentais para as empresas”.
“O ramo Vida tem sido penalizado pelas condições de mercado. As baixas taxas de juro têm levado os portugueses a procurar soluções alternativas de investimento, o que tem condicionado as soluções de investimento proporcionadas pelas seguradoras”, assinalou Santi Cianci.
O CEO da Generali está preocupado com os níveis de poupança e com o facto de a baixa rentabilidade dos produtos, poder “estar a empurrar muitas pessoas para investimentos com maiores níveis de risco, muitas vezes desadequados ao seu perfil”. Entende que “serão, entretanto, necessários esforços coordenados entre Estado, regulador e sector segurador para criar um enquadramento fiscal que incentive de forma cabal a poupança para a reforma”.
Por sua vez, Nuno Luís Sapateiro considera que “o mercado Vida e Não Vida apresentam alguma estabilidade, verificando-se um crescimento em determinados ramos como nos acidentes de trabalho e nos seguros de vida ligados quando comparado com o período homólogo.
De qualquer forma, considero que um dos principais impulsionadores do crescimento dos ramos vida e não vida poderá passar pelo lançamento de produtos mais personalizados e que venham dar resposta às principais preocupações dos consumidores e aos novos riscos que se têm vindo a apresentar ao mercado”.
Fonte: Jornal de Negócios – Portugal / Via Sindseg-RS