Por Izabela Rücker Curi, CEO do escritório Rücker Curi
Três fatores essenciais para o desenvolvimento corporativo, representados por três letrinhas. A sigla ESG, originária das palavras Environmental, Social e Governance, traduzidas em português respectivamente como Ambiental, Social e Governança, ganha cada vez mais destaque no meio empresarial. Isso porque, além de representar algumas das melhores práticas que devem ser adotadas pelas empresas, também pode ser um critério importantíssimo a ser considerado no mercado financeiro quando o assunto é investimentos, bem como ser o divisor de águas para sua empresa ser contratada por um cliente ou parceiros que priorizam organizações afinadas com os conceitos de ESG.
A primeira vez que a sigla foi utilizada data de 2004, em uma publicação do Pacto Global da ONU, em parceria com o Banco Mundial, intitulado “Who Cares Wins” ou “Ganha quem se importa”, na tradução em português. À época, foi lançado um verdadeiro desafio de como integrar fatores ambientais, sociais e de governança no mercado financeiro. Desde então, as ações voltadas para a sustentabilidade dentro das empresas tem sido diferenciais imprescindíveis para sua manutenção no mercado. Atualmente, este diferencial supera o mercado financeiro e já é buscado pelo público investidor, parceiros e clientes das companhias. Em artigo elaborado para o portal IstoÉ, o direto-executivo da Rede Brasil do Pacto Global, Carlo Pereira, resume a ESG como “o olhar do setor financeiro sobre essas questões”.
Por que incluir a ESG no planejamento estratégico da sua empresa?
Quando uma empresa mantém bons indicadores ligados à responsabilidade social e ambiental, bem como uma política de governança corporativa bem estruturada, seu balanço é otimizado, o que indica para o mercado que suas operações são mais sustentáveis em diferentes aspectos, inclusive nas áreas de gestão e finanças. Esses indicadores estão diretamente ligados aos 10 Princípios do Pacto Global, estabelecidos pela ONU.
Além de manter as boas práticas ligadas a ESG, as empresas precisam apresentá-las periodicamente em relatório, a fim de oferecer a transparência necessária para validação das ações, evitando o chamado greenwashing, termo que remete às falsas promessas de sustentabilidade. Essa transparência de atuação gera mais credibilidade para futuros investidores e com isso, mais chances de crescimento para a sua empresa. Na medida em que essas boas práticas tornam-se intrínsecas ao dia a dia da companhia, impactos positivos como aumento da lucratividade e do valor de mercado podem ser sentidos.
O que é a ESG na prática?
Tornar as operações da sua empresa mais sustentáveis demanda comprometimento e planejamento. Isso porque uma série de ações ligadas aos critérios de avaliação devem ser implantadas e incluídas na cultura organizacional, e isso geralmente acontece de médio a longo prazo. Por isso, destacamos alguns pontos que devem ser considerados ao adequar a sua empresa às boas práticas de ESG:
Ambiental: práticas relacionadas à gestão de resíduos, economia de energia, preservação ambiental, biodiversidade, entre outras.
Social: práticas relacionadas à manutenção de diversidade na equipe, proteção de dados e respeito à privacidade, às leis trabalhistas e aos direitos humanos, apoio à comunidade onde se instala a empresa, etc.
Governança: práticas relacionadas à administração da empresa, como criação de um conselho de administração, comitê de auditoria interna, estruturação de canais de ouvidoria, estabelecimento de código de conduta corporativa, entre outras.
Cada vez mais a responsabilidade socioambiental é considerada fator de competitividade entre as empresas e essa é uma tendência mundial. Segundo pesquisa realizada pela PwC, até 2025, 57% dos ativos dos fundos mútuos da Europa estarão em fundos que consideram os critérios ESG. Por isso, é mais do que válido acompanhar o fluxo de mercado e rever as estratégias socioambientais desempenhadas pela sua empresa.